Ginecologia
Menstruação - Aquele sofrimento todos os meses? Pode controlar
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Chama-se dismenorreia à dor pélvica ou abdominal inferior que ocorre durante o período menstrual da mulher, conhecida mais vulgarmente por dor ou cólica menstrual.
Cerca de 50 a 70% das mulheres têm sintomas ou já apresentaram sintomas de dismenorreia e cerca 10% tem queixas intensas que interferem com as atividades diárias.
Verifica-se grande prevalência sobretudo entre as mulheres jovens e adolescentes, e os sintomas são mais intensos nos primeiros dois ou três dias da menstruação, podendo ser bastante desconfortáveis, interferindo até com as tarefas do quotidiano.
Sendo uma queixa ginecológica tão frequente, vale a pena abordar o assunto, até porque a dismenorreia pode esconder um problema de saúde.
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A dismenorreia pode ser primária ou secundária.
Dismenorreia primária:
Trata-se de uma dismenorreia funcional que se caracteriza pela ausência de doença pélvica ginecológica, sendo mais comum entre as adolescentes. Aparecem cerca de um ou dois anos após a primeira menstruação (menarca) e os sintomas principais são a dor pélvica que pode irradiar para a zona lombar ou coxas e que pode ser acompanhada por fadiga, náuseas, vómitos, tonturas, cefaleia ou diarreia.
A dor resulta da isquemia (suprimento de sangue) e contrações do útero, devido à libertação de prostaglandinas e outros mediadores inflamatórios produzidos no endométrio. São, pois, essas contrações uterinas que são sentidas como dor na região pélvica, cuja intensidade pode variar de mês para mês.
Os sintomas tendem a diminuir com a idade e sobretudo após a gravidez.
Dismenorreia secundária:
Caracteriza-se pela presença de patologia pélvica, aparecendo mais tardiamente, após os 30 anos de idade. As causas mais comuns para este tipo de dismenorreia são:
- Endometriose (crescimento de tecido endometrial fora da cavidade uterina);
- Quistos no ovário;
- Mioma (tumor benigno do útero);
- Infeções.
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Muitas vezes as mulheres desvalorizam a dor pélvica atribuindo-a ao período menstrual e acabando por sofrer durante anos com estes sintomas de dismenorreia, sem falar com o seu médico. Assim, procure um médico se:
- As dores intensas não passarem com analgésicos;
- As dores forem fortes e persistentes durante todos os dias da menstruação;
- Nunca sofreu de dismenorreia e só agora surgem queixas;
- As dores são acompanhadas por fluxo menstrual mais abundante do que o habitual ou ocorrem sem relação com os dias da menstruação.
Fatores de risco
Há estudos que demonstram a existência de alguns fatores que podem contribuir para o aumento da prevalência da dismenorreia e da sua severidade, incluindo:
- Idade precoce da menarca;
- Períodos menstruais longos e abundantes;
- Tabagismo;
- Depressão e ansiedade;
- História familiar de dismenorreia;
- Dispositivo intrauterino;
- IMC elevado.
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Tratamento farmacológico
Existem medicamentos que poderão aliviar as dores menstruais. Aconselhe-se com o seu farmacêutico acerca da melhor opção para o seu caso.
- Anti-inflamatórios não esteroides – AINEs (aliviam a dor ao inibirem as prostaglandinas):
- Ibuprofeno
- Ácido acetilsalicílico
- Analgésicos – paracetamol (eficaz na dor ligeira a moderada);
- Contracetivo oral - de prescrição médica (inibem a ovulação, diminuem os níveis das prostaglandinas durante a menstruação, reduzem o fluxo menstrual, diminuindo a dor em muitos casos).
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Tratamento não farmacológico
Alguns estudos têm demonstrado que há benefícios na adoção de um estilo de vida saudável. Ficam aqui algumas recomendações:
- Prática regular de exercício físico (a libertação de endorfinas provoca uma sensação de bem-estar e aumenta o limiar da dor);
- Redução do stress;
- Dieta equilibrada;
- Aplicação de calor (por exemplo, um saco de água quente) na região abdominal inferior e massagens com movimentos circulares suaves (proporciona relaxamento muscular).
Se sofre com dores menstruais, não as desvalorize e aborde a questão com o seu médico de família ou ginecologista para que ele possa avaliar as causas e propor a melhor terapêutica.
Fontes
iSaúde
Revista Farmácia Distribuição
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