Sistema nervoso
Quando a cabeça estala e só queremos escuro e sossego?
As cefaleias caraterizam-se por uma dor localizada na cabeça ou na região cervical, são patologias neurológicas altamente incapacitantes, sobretudo para a população em idade ativa. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMG) são a 3ªcausa mundial de incapacidade.
As cefaleias são classificadas de acordo com a sua origem, podendo ser primárias, secundárias ou nevralgias.
Cefaleias primárias – não resultam de outra doença
- Enxaquecas
A dor é intensa, latejante, com localização unilateral, pulsátil e pode ser acompanhada de náuseas, vómitos, fotofobia e fonofobia. Nalguns casos, são antecedidas por sintomas visuais, designados de “aura”, onde a visão pode aparecer embaciada ou com manchas.
As suas causas podem estar associadas a alteração da hora de dormir, à falta ou excesso de sono, cansaço, menstruação, ansiedade, situações de stress, alguns alimentos (chocolate e queijo), bebidas alcoólicas, abstinência de cafeína, cheiros intensos e medicamentos.
São mais comuns nas mulheres e podem durar de 3 horas a dias, surgindo com frequência variada.
- Cefaleias de tensão
A dor é ligeira tipo pressão, bilateral, não latejante acompanhada de intolerância ao ruído e contração excessiva dos músculos do pescoço e ombros. Mais comuns nas mulheres. Associam-se a ansiedade, stress, cansaço e falta de descanso ou sono insuficiente.
- Cefaleias em salva
A dor é intensa, unilateral com incidência no olho ou têmpora, mais comum nos homens. Pode ser acompanhada de olho vermelho, lacrimejo, queda da pálpebra superior, alterações do tamanho da pupila, congestão ou corrimento nasal.
A primavera e o outono são as estações do ano com mais episódios. Ocorre mais frequentemente de madrugada, cada episódio pode durar de 15 minutos a 3 horas e repetir-se várias vezes ao longo do dia.
Cefaleias secundárias
Surgem associadas a outros problemas de saúde, como sinusite, traumatismos cranianos, infeções cerebrais (por exemplo vírus), hipoglicemia ou hipertensão arterial. Também podem ser devidas a intoxicação, abstinência alcoólica, tumores, hemorragias cerebrais (por exemplo AVC), infeções dentárias ou de ouvidos e a alterações hormonais femininas próprias da menstruação, da gravidez e da menopausa.
Prevenção/cuidado a ter
Algumas estratégias para prevenção das cefaleias de modo a reduzir a frequência, duração e intensidade das crises são:
- Fazer uma alimentação equilibrada, evitar estar muitas horas sem comer, não saltar refeições, sobretudo o pequeno-almoço;
- Praticar exercício físico com regularidade;
- Controlar ansiedade e stress (por exemplo yoga e tai chi);
- Má postura corporal;
- Tensão muscular localizada (ombros, pescoço e cabeça);
- Excesso ou défice de sono;
- Evitar determinados alimentos como queijo, carnes curadas, enchidos, chocolate, pizza, gelados, fritos, cafeína, álcool e açúcares em excesso;
- Cessação tabágica;
- Evitar a exposição a fatores desencadeadores relacionados com o estilo de vida.
Tratamento
Os doentes devem fazer um registo das crises e dos fatores associados como quando acontece, onde se localiza, quanto tempo dura, se é acompanhada de outro tipo de sintomas, para ajudar o médico ou farmacêutico na definição da estratégia de tratamento.
Os medicamentos de primeira linha para a dor ligeira a moderada na cefaleia de tensão e na enxaqueca são os analgésicos e anti-inflamatórios (ácido acetilsalicílico, paracetamol, ibuprofeno e diclofenac). Para a dor forte na enxaqueca e cefaleias em salva existem medicamentos específicos, sendo alguns para prevenção.
O uso excessivo e prolongado de analgésicos pode dar origem às chamadas cefaleias de exacerbação, ou seja, a dor surge quando o efeito do último comprimido começa a desaparecer, obrigando a uma nova toma.
Numa crise aguda, para além dos analgésicos, uma forma de diminuir a sintomatologia pode ser a aplicação de frio (por exemplo sacos de gel reutilizáveis) ou pressão no local da dor e permanecer em local sossegado e escuro. Como antiemético, o farmacêutico pode recomendar formulações com gengibre.
Quando devo procurar o médico?
- Grávidas e mulheres a amamentar;
- Crianças (cefaleias menos de 12 anos e dor músculo-esquelética menos de 2 anos);
- Cefaleia severa após os 50 anos de idade;
- Cefaleia subsequente a um trauma;
- Situação grave (dor intensa ou incapacitante) ou agravamento progressivo;
- Duração prolongada (dor crónica; cefaleia há mais de 10 dias; dor músculo-esquelética há mais de 2 semanas);
- Falta de efetividade do tratamento;
- Situação recorrente (cefaleias em 15 ou mais dias por mês);
- Iatrogenia medicamentosa.
Fontes
iSaúde
Revista Farmácia Distribuição
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