Na autoestrada da diabetes é fundamental controlar a glicémia

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) existem no mundo cerca de 422 milhões de pessoas com diabetes, prevendo-se que este número suba para 520 milhões até 2030. Estima-se que 1,6 milhões de mortes, que ocorrem todos os anos, estejam relacionadas diretamente com a doença.

A incidência da diabetes em Portugal tem vindo a aumentar nas últimas décadas. Dados de 2015 mostram que a diabetes afeta cerca de 13,3% da população entre os 20-79 anos, ou seja, mais de 1 milhão de portugueses. Portugal é assim, um dos países europeus com taxa mais elevada de prevalência da doença.

Sim, os números são assustadores e continuam a crescer todos os anos.

Pensa-se que cerca de 75% das pessoas com diabetes não têm um controlo adequado da sua doença, o que leva a maior risco de complicações de saúde em pessoas com diabetes tipo 1 ou tipo 2.

É pois, fundamental o controlo adequado da glicémia destes doentes, reduzindo-se assim a morbilidade e mortalidade associada à diabetes, bem como os custos para a sociedade e economia.

O que é a glicémia?

Chama-se glicémia à concentração de glicose no sangue. Em Portugal, utiliza-se como unidade de medida os mg/dL.

Os valores de referência para a glicémia em pessoas saudáveis são:

• Jejum - entre 70-100 mg/dL
• Pós-prandial (1h30 a 2h após a refeição) - até 140 mg/dL

Os valores acima referidos são apenas valores de referência. Deverá falar com o seu médico acerca dos objetivos de controlo glicémico que ele estabeleceu para si.

Diabetes e monitorização da glicémia

Sendo a diabetes uma doença caracterizada por uma hiperglicémia (valores elevados de glicose no sangue) persistente, que ao longo do tempo provoca alterações metabólicas que podem causar danos graves em diversos órgãos, torna-se evidente que o controlo glicémico, e em particular a automonitorização da glicémia, seja essencial. Esta monitorização vai permitir diminuir/evitar o aparecimento de complicações tardias da doença (cegueira, amputação, problemas renais, cardíacos, cerebrais, entre outros), que diminuem grandemente a qualidade de vida dos doentes.

Se tem diabetes discuta com o seu médico sobre a possibilidade de fazer a sua própria monitorização da glicémia.

Automonitorização da glicémia (AMG)

Neste tipo de monitorização, o doente recorre aos medidores de glicémia (glucómetros), o que permite obter informações sobre a glicémia capilar numa questão de segundos.

São vários os laboratórios que se têm dedicado ao desenvolvimento dos glucómetros. Estes dispositivos são cada vez mais precisos e de manuseio simples, de modo a poderem ser usados facilmente por qualquer doente. Estes aparelhos são disponibilizados gratuitamente em hospitais, centros de saúde e farmácias. Contudo, deverá sempre falar primeiro com o seu médico e conversar sobre os benefícios em adquirir um medidor de glicémia. Este deverá ser escolhido em função das características do doente (literacia, literacia tecnológica, dificuldades visuais ou auditivas).

Mais recentemente, apareceu um sistema que permite medir a glicémia em qualquer altura, sem necessidade de punção capilar. É composto por um sensor que é colocado no antebraço e por um leitor que permite a leitura dos resultados.

São várias as vantagens da AMG:

• Dá informação em tempo real (importante para que se possa agir tanto em situações de hiperglicémias, como em hipoglicémias);
• A amostra de sangue capilar necessária para realização dos testes de glicémia é muito pequena (no caso dos glucómetros);
• Os glucómetros são de fácil utilização e, por serem pequenos, são facilmente transportados;
• Os medidores de glicémia conseguem armazenar grande quantidade de dados relativos aos resultados dos testes de glicémia (com o dia e hora associados), dando informações de médias de valores e permitindo manter um registo do controlo glicémico que poderá ser partilhado com o médico.
• Diminui a ocorrência de hipoglicémia (a AMG torna-se especialmente importante para doentes que fazem insulina e antidiabéticos orais hipoglicemiantes, porque permite o controlo da glicémia);
• Permite adequar a terapêutica, exercício e dieta (por exemplo a insulina) em função dos resultados obtidos;

Para tirar partido das vantagens da AMG no que diz respeito à gestão da própria doença, é crucial que o doente conheça os seus objetivos de glicémia (determinados pelo médico) e saiba obter e interpretar os resultados dos testes.

Dificuldades na utilização dos glucómetros

Podem existir algumas dificuldades no uso destes aparelhos, impossibilitando o doente de obter resultados ou os resultados serem pouco fiáveis. Muitos erros que ocorrem são, maioritariamente, devidos ao operador. Ficam alguns exemplos:

• Incorreto armazenamento das tiras de teste - devem ser guardadas em locais secos, frescos e ao abrigo da luz solar direta;
• Uso de tiras de teste fora de validade - confirme sempre a validade das embalagens;
• Realizar o teste com as mãos (dedos) sujas;
• Medidor com sujidade (vestígios de sangue);
• Interferência da limpeza com álcool - deixar secar bem antes de picar o dedo, se bem que não há necessidade de desinfetar o dedo, bastando lavar com água e sabão;
• Realizar o teste com uma amostra insuficiente de sangue;
• Temperatura do exterior demasiado alta ou baixa, aquando a realização do teste (os medidores de glicémia são precisos quando usados entre os 10-40ºC);

Se tiver dúvidas relacionadas com o funcionamento do seu aparelho de glicémia não hesite em falar com o seu farmacêutico. Não se esqueça que na farmácia existem profissionais habilitados a realizar as medições de glicémia e a fazer o devido acompanhamento da pessoa com diabetes.

Fontes
iSaúde
Revista Farmácia Distribuição

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