Especial COVID-19

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Tudo o que precisa de saber sobre a vacinação das crianças

Especial COVID-19

 

Depois dos adultos e dos jovens, chegou a vez de arrancar em Portugal o processo de vacinação de cerca de 630 mil crianças entre os 5 e os 11 anos contra a Covid-19. A vacinação das crianças vai decorrer entre 18 de dezembro e 13 de março, num calendário de primeiras e segundas doses que já foi apresentado pelo governo.

 

A decisão por parte da Direção-Geral da Saúde (DGS) de dar luz verde à vacinação das crianças nesta faixa etária foi anunciada no dia 7 de dezembro, depois de analisadas as recomendações da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19.

A sustentar esta decisão, a DGS emitiu um comunicado em que “recomenda a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos, com prioridade para as crianças com doenças consideradas de risco para Covid-19 grave”.

Segundo a DGS, "o número de novos casos em crianças tem vindo a aumentar" e, apesar de se manifestar de forma "geralmente ligeira" nestas faixas etárias, existem também "formas graves de COVID-19 em crianças". Sublinha ainda que "o risco de hospitalização é maior em crianças com doenças de risco", recordando que "muitos dos internamentos ocorrem em crianças sem doenças de risco".

Apesar da decisão da DGS, a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos de idade é um tema que continua a dividir especialistas, deixando muitos pais apreensivos em relação a esta vacina.

Para ajudar a perceber todos os argumentos e como se vai organizar este processo no nosso País, o 911Pharma explica tudo o que precisa de saber sobre esta matéria.

 

O que dizem os especialistas
Vacinação das crianças

 

O que dizem os especialistas?

A decisão da DGS de dar luz verde à vacinação das crianças entre os 5 e 11 anos tem por base um parecer técnico da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, que pode ser consultado online.

Neste parecer, a comissão considera que a vacinação traz mais benefícios do que prejuízo nesta faixa etária, uma vez que, assumindo que a vacina tem uma efetividade contra infeção de 70 por cento a 85 por cento e de 95 por cento contra hospitalização, se estima que a vacinação “evitaria 51 hospitalizações e 5 internamentos em UCI".

O parecer final da Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19 revela que foram realizadas duas avaliações de risco/benefício para o contexto português.

A primeira avaliação estimou que com uma cobertura vacinal de 85 por cento será possível evitar, nos próximos quatro meses (de dezembro de 2021 a março de 2022), mais de 13 mil casos, 51 hospitalizações e cinco casos graves que necessitem de internamento nos cuidados intensivos.

A segunda avaliação concluiu que a vacinação poderá evitar 190 hospitalizações e 19 internamentos em UCI por cada 100 mil crianças vacinadas.

A partir destes dados, o parecer concluiu que "os benefícios quantitativos conseguidos com uma campanha de vacinação muito abrangente das crianças dos 5 aos 11 anos são superiores aos riscos. Num horizonte temporal que abrange o inverno de 2021-22, a vacinação evitará muitos milhares de infeções, dezenas de hospitalizações e várias complicações associadas à Covid-19".

Apesar da posição final tomada pela Comissão Técnica de Vacinação contra a Covid-19, o tema está longe de ser consensual entre os especialistas.

O grupo de trabalho composto por especialistas em Pediatria e Saúde Infantil encarregado de apoiar a DGS defende que “deve ser dada prioridade à vacinação dos adultos e dos grupos de risco, incluindo as crianças dos 5 aos 11 anos".

No entanto, e no que diz respeito a crianças saudáveis, estes especialistas defenderam que "poderá ser prudente aguardar por mais evidência científica antes de ser tomada uma decisão final de vacinação universal deste grupo etário”.

A decisão da DGS está em linha com a Organização Mundial de Saúde (OMS), que também recomenda a vacinação das crianças entre os 5 e os 11 anos. Num relatório divulgado no início de dezembro, a OMS sublinha que há vantagens neste processo “que vão além dos benefícios diretos” para a saúde individual.

“A vacinação que diminui a transmissão da Covid-19 neste grupo etário pode reduzir a transmissão de crianças e adolescentes para adultos mais velhos e pode ajudar a reduzir a necessidade de medidas de mitigação em escolas”, refere a OMS, frisando, contudo, que uma vez que a Covid-19 costuma ser leve ou moderada entre as crianças, exceto quando têm comorbilidades associadas, “é menos urgente vaciná-las do que aos mais idosos, os que têm doenças cardíacas crónicas e os profissionais de saúde”.

 

Formulação Pediátrica Comirnaty
Formulação pediátrica - Comirnaty

 

Que vacina vai ser administrada?

A vacina que será administrada às crianças será a formulação pediátrica da Comirnaty. Esta vacina é desenvolvida pelo consórcio farmacêutico BioNTech/Pfizer, e é a única que recebeu até agora parecer positivo da Agência Europeia de Medicamentos (EMA) para ser utilizada em menores de 12 anos.

Portugal já comprou 700 mil doses desta vacina, das quais 300 mil chegaram em dezembro e 460 mil serão entregues em janeiro.

A dose pediátrica será mais reduzida, equivalendo a cerca de um terço da dose de um adulto. Segundo o parecer da EMA, os estudos analisados demonstraram que esta quantidade tem a mesma eficácia nas crianças que a dose maior tem nos jovens entre os 16 e 25 anos.

Tal como acontece nos adultos, a vacinação será feita com duas doses, com um intervalo de três semanas. A vacina não é obrigatória, cabendo aos pais a decisão final sobre vacinar ou não os seus filhos.

 

 

Quando vão ser vacinadas as crianças?

O governo já divulgou o calendário de vacinação das crianças, que se estenderá entre 18 de dezembro e 13 de março, dividido da seguinte forma:

  • A 18 e 19 de dezembro: crianças de 11 e 10 anos
  • De 6 a 9 de janeiro: crianças entre os 9 e os 7 anos
  • A 15 e 16 de janeiro: crianças entre os 6 e 7 anos
  • A 22 e 23 de janeiro: crianças com 5 anos
  • De 5 de fevereiro a 13 de março: serão administradas as segundas doses.

As crianças com comorbilidades terão prioridade para serem vacinadas, independentemente da idade, desde que tenham prescrição médica, bastando que se se dirijam aos centros para receberem a vacina contra o SARS-CoV-2.

Para as restantes crianças deve ser feito um agendamento online da vacinação.

 

 

Há mais países a vacinar crianças?

Espanha vai avançar com a vacinação ainda em dezembro e também em Itália esta já está aprovada desde o início do mês, assim como em França, embora apenas para casos de risco. Na Alemanha a vacinação deverá começar no início do próximo ano, enquanto a República Checa terá também intenção de começar o processo em breve, tendo já pré-encomendado doses para 700 mil crianças nesta faixa etária.

Nos Estados Unidos, a vacinação com a Pfizer já arrancou no início de novembro. No Canadá também já decorre a vacinação de crianças entre os 5 e os 11 anos, enquanto no Médio Oriente, Israel, Omã e Arábia Saudita já aprovaram a utilização da Pfizer.

A China já está a vacinar desde o verão as crianças desde os três anos com duas das vacinas da Sinopharm e uma da Sinovac. A província de Zhejiang, por exemplo, prevê terminar a imunização desta faixa etária ainda em dezembro. Singapura, Japão e Malásia deverão começar as inoculações no princípio de 2022.

Na América do Sul, Cuba está a vacinar toda a população com mais de dois anos. A Venezuela já anunciou que vai administrar a vacina cubana Soberana 2 a crianças entre os 2 e 11 anos. Argentina, Chile e El Salvador vão recorrer à vacina da Sinopharm. Na Costa Rica, por outro lado, a vacinação é obrigatória a partir dos cinco anos.

 

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