Como conviver com os medicamentos

Envelhecer é uma fase natural da vida do ser humano, sendo uma etapa que não podemos evitar, podemos sim prevenir e tratar os problemas que com ela surgem. Hoje em dia esperamos envelhecer, mas com qualidade de vida, ou seja, com saúde e autonomia.

A população portuguesa e mundial está cada vez mais envelhecida devido aos grandes avanços feitos na área da saúde, onde se diagnosticam mais rapidamente patologias e a taxa de cura é bastante superior, tendo assim havido um aumento da esperança média de vida.

O envelhecimento é multifatorial e afeta não só o aspeto visível como o aparecimento de rugas, cabelos brancos e alteração da locomoção, mas também alterações que não são visíveis a nível do modo como o nosso organismo reage aos medicamentos que tomamos.

O idoso hoje em dia é muito proactivo no que diz respeito à sua saúde e, devido a ter acesso à internet e televisão, é um doente que tende a obter informação sobre as suas doenças e tratamento.

Os idosos por norma são polimedicados, quer sejam medicamentos prescritos por médicos ou produtos sem prescrição médica. É sabido o efeito benéfico dos produtos naturais na cura e prevenção de algumas doenças, no entanto, apesar de serem produtos naturais, também podem ter interações com outra medicação e efeitos secundários aumentando a probabilidade de interações entre os medicamentos e aparecimento de reações adversas.

Motivos que podem levar ao aparecimento de reações adversas:

• Toma de mais do que um tipo de medicamento, para uma ou mais doenças, aumentando a probabilidade de interações entre os medicamentos e aparecimento de reações adversas;

• Com a idade, a massa muscular e a percentagem de água corporal diminuem e aumenta o tecido adiposo. Os medicamentos que se dissolvem em água alcançam concentrações mais elevadas, porque existe menos água para sua dissolução, e os medicamentos que se dissolvem em gordura acumulam-se mais, porque há relativamente mais tecido adiposo para armazená-los;

• O fluxo sanguíneo renal diminui com a idade, ocorrendo uma redução de cerca de 1% por ano, após os 50 anos. Algumas doenças como a hipertensão arterial, insuficiência cardíaca e diabetes, podem contribuir para que haja uma diminuição da função renal. Esta redução da função renal afeta a eliminação dos medicamentos, resultando na sua acumulação no organismo, provocando níveis tóxicos.

A cooperação entre o doente e a equipa de saúde, quer seja o seu médico, farmacêutico ou cuidador, vai ajudar a minorar os problemas que podem resultar da toma de medicação.

Conselhos para evitar o aparecimento de reações adversas e interações

• Mantenha um registo de todos os problemas médicos e alergias a medicamentos;
• Mantenha um registo atualizado de todos os medicamentos que toma, incluindo os de venda livre e suplementos, como vitaminas e produtos naturais;
• Adquira, por norma, os seus medicamentos na mesma farmácia, permitindo que o farmacêutico conheça o seu historial clinico e tenha registos da sua medicação;
• Quando for à consulta com o seu médico, leve todos os medicamentos que toma e mencione se há algum que tenha sido prescrito por outro médico ou adquirido sem prescrição.
• Esclarecer qualquer dúvida que tenha em relação à toma e função dos medicamentos.
  
  

Causas que podem levar a um mau uso dos medicamentos:

• Complexidade dos esquemas terapêuticos – leva a não entender a maneira correta de toma;
• Diminuição da visão – pode originar confusão entre comprimidos;
• Diminuição da destreza em retirar o comprimido do blister;
• Problemas de memória – pode levar ao esquecimento da toma dos medicamentos;
• Analfabetismo – compromete o entendimento da forma correta de tomar o medicamento.
  
  

Dicas para a toma correta da sua medicação

• Usar uma caixa dispensadora de medicamentos, onde os pode colocar por dias de semana e alturas do dia, sendo mais fácil saber qual o comprimido que tem que tomar ou se se esqueceu da toma de algum;
• Pedir ao farmacêutico para colocar etiquetas nas embalagens da forma de tomar a medicação;
• Usar auxiliares de memória, como por exemplo associar a toma do medicamento a alguma atividade ou período do dia;
• Usar uma aplicação no seu telemóvel que ajude a lembrar da toma dos medicamentos;
• Não tomar medicamentos de outra pessoa, mesmo que pense que é para a mesma situação. Os medicamentos por vezes podem parecer todos iguais mas não o são;
• Consultar sempre o médico ou farmacêutico antes de iniciar a toma de um medicamento novo não prescrito pelo médico;
• Não adquirir medicamentos em sites não fidedignos da internet ou locais que não sejam aprovados para tal.
  
  

Fontes
iSaúde
Revista Farmácia Distribuição

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