Coração

Atenção: comer bacon, salsichas ou presunto aumenta 20% o risco de doenças cardíacas


Em 2015, um aviso da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertava a população para as mais recentes conclusões do relatório da Agência Internacional do Cancro (IARC), que colocava as carnes processadas (salgadas e fumadas) no grupo 1 de substâncias cancerígenas.


Seis anos depois, pesquisadores do Nuffield Department of Population Health, da Universidade de Oxford, conduziram “a maior revisão de todos os estudos em grande escala” sobre o impacto do consumo de carnes vermelhas e processadas, mas agora na saúde cardíaca. A conclusão: comer carne processada aumenta o risco de doenças cardíacas em quase 20 por cento.


A mais recente investigação, publicada na quarta-feira, 21 de julho, na revista britânica “Critical reviews in Food Science and Nutrition”, indica que comer 50 gramas de carne processada por dia, por exemplo, bacon, presunto ou salsichas, aumenta o risco de doenças cardíacas em cerca de 18 por cento. A justificação para isso encontra-se no alto teor de sal e de gordura saturada destes alimentos.


“A ingestão elevada de gordura saturada aumenta os níveis de colesterol lipoproteico de baixa densidade (LDL) prejudicial, enquanto o consumo excessivo de sal aumenta a pressão sanguínea. Tanto o colesterol LDL como a tensão arterial elevada são fatores de risco bem estabelecidos para doenças coronárias”, explica uma notícia publicada no site oficial da Universidade de Oxford.


O mesmo artigo acrescenta que este tipo de doença cardíaca é causada pela acumulação de gordura e de tecido fibroso no interior das artérias que fornecem sangue ao coração. Anualmente, afeta uma grande percentagem da população da sociedade moderna e é responsável pela morte de quase nove milhões de pessoas em todo o mundo.


De volta ao estudo propriamente dito, o consumo de carnes vermelhas não processadas, como a carne bovina, de cordeiro e de porco, está associado a cerca de 9 por cento das mesmas doenças. De forma semelhante, não foi encontrada nenhuma ligação entre doenças cardíacas e o consumo de carne de aves, como frango e peru, que são detentoras de um baixo teor de gordura saturada.


“Sabemos que a produção de carne contribui em grande escala para as emissões de gases com efeito de estufa e precisamos de reduzir a produção e o consumo de carne para beneficiar o ambiente. O nosso estudo mostra que uma redução no consumo de carne vermelha e processada traria também benefícios pessoais para a saúde“, explicou ao The Guardian Anika Knüppel, a co-autora do estudo.


A equipa de investigação não quantifica um nível “seguro” de consumo de carnes processadas, mas pede que seja reduzido no mínimo a três quartos ou, preferencialmente, que seja mesmo eliminado da alimentação. O objetivo, claro, passa por controlar o risco de morte por doenças cardíacas.


“A carne vermelha e processada tem sido consistentemente associada ao cancro do intestino e as nossas descobertas sugerem um papel adicional nas doenças cardíacas. Portanto, as recomendações atuais para limitar o consumo de carne vermelha e processada também podem ajudar na prevenção de doenças cardíacas coronárias”, esclareceu Dr. Keren Papier, outro co-autor do estudo.


Nesta análise, os dados estudados são provenientes de 13 estudos em que os investigadores rastrearam a saúde de mais de 1,4 milhões de pessoas. Na grande maioria a amostra é baseada em adultos brancos até 30 anos de idade e que vivem na Europa ou nos Estados Unidos. Foi, desta forma, que a equipa conseguiu perceber e mostrar a ligação entre o consumo de carnes processadas e as doenças cardíacas no mundo ocidental. No entanto, o estudo apontou a necessidade de concentrar mais dados para conseguir examinar “outras populações, incluindo a Ásia Oriental e a África.

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